segunda-feira, 30 de julho de 2012

   Os meios eficazes para receber o Espírito Santo³
          
                                                                       Pe. Manoel Barbosa Santos

A Escritura nos ensina que, de modo global, são três os meios, que nos comunicam a vida do Espírito de Deus: a Graça Sacramental, a Oração fervorosa e a Convivência fraterna. Embora sendo cada uma dessas realidades distintas em si mesmas, funcionam conjuntamente, são, pois, interdependentes.
            Nos sacramentos o Senhor, por mediação da Igreja, nos assegura a Graça de Deus segundo a natureza e o fim de cada um. Se alguém recebe a sagrada confissão, deve saber e crer que a graça recebida consiste na absolvição dos seus pecados, a qual lhe reconcilia com o Senhor, consigo mesmo e com os irmãos.Obviamente, na confissão não se busca, ao menos em primeira instância, a graça de viver o amor de Cristo conjugalmente, esta advém pelo Sacramento do matrimônio e assim sucessivamente.
            No entanto, uma coisa é certa: não se pode viver a graça comunicada pelos sacramentos se não se busca uma fervorosa vida de oração. E  essa oração será estéril e inóqua se não conduzir ao amor fraterno; à construção do Reino entre nós. Toda vocação cristã,seja ela qual for,tem por escopo esta realidade. Daí não poder se realizar vocacionalmente quem não procura crescer nesses três meios da vida espiritual.
 O Pai Nosso, modelo sublime de toda oração cristã e tantas vezes recitado por nós, nos ensina claramente esta verdade: voltar-se constantemente a Deus que é Amor, para gerar comunhão, solidariedade, perdão... Entre nós.
            E não podemos falar de reconciliação, acolhimento e amor, sem, lembrar que, sobretudo para nós latino-americanos, os primeiros a serem considerados nossos irmãos são os pobres. Estes constituem uma categoria toda especial para crescermos espiritualmente, no seguimento de Jesus Cristo. Pois nossa opção por eles deve ser feita não por motivos sociológicos e ideológicos, estes são secundários e relativos, mas numa dimensão propriamente religiosa: neles se encontram o centro dos valores do Reino; eles são um “sacramento” de Jesus Cristo. Estamos suficientemente vivendo segundo o Espírito de Cristo quando não só acolhemos os pobres, como verdadeiros irmãos, mas, sobretudo quando nos tornamos pobres com eles. Os pobres são sujeitos da espiritualidade cristã e não objeto dela.
2.      Para permanecer pleno do Espírito Santo
Não basta receber o Espírito Santo, é preciso que o tenhamos, totalmente, de forma completa, e mais necessário ainda (e por vezes difícil) é permanecer prenhe de sua Graça. Objetivamente o Senhor é quem nos concede o seu Espírito, mas a nível subjetivo vai depender de nós a sua constante presença, principalmente em se tratando de uma presença plena. O Apóstolo Paulo diz ao seu discípulo Timóteo: “te recomendo de reavivar o Dom de Deus que recebeste pela imposição de minhas mãos’’ (2Tm 1,6).Esta exortação nos deixa claro que a recepção do Espírito, pelo qual nos advém todos os dons divinos, é Graça mas também conquista.
            Nesta perspectiva, é importante ter conhecimento e aplicar em nossas vidas alguns critérios propostos pela Escritura para a perseverança na plenitude do Espírito. Vejamo-lhes em síntese:
            Avaliação Pessoal: o termo forte é “examinar-se a si mesmo”.Evitar a pretensão de que está sempre em estado de graça,não precisa de reflexão e análise ou tomar cuidado para que o pragmatismo,tão característico de nosso tempo,não nos permita fazer de vez em quando uma parada,para reavaliar nossas atitudes.Aqui vale dizer que também a nível psicológico,quando damos um significado religioso,isto é,não apenas técnico, aos métodos terapêuticos,podemos sentir através destes a Ação divina.
            ARREPENDIMENTO E CONFISSÃO: ser capaz de reconhecer as faltas, os erros e pecados, colocando-se com compunção diante de Deus, agrada mais ao senhor do que um tremendo e orgulhoso esforço de perfeccionismo.
            SUBMISSÃO COMPLETA A DEUS: a vida da Graça, a morte ao pecado, não acontece pelas nossas forças humanas, mas quando nos rendemos totalmente ao Senhor,despojando-nos inclusive de nossas estratégias meramente humanas. Viver não sob a lei, mas sob a Graça. Eis a verdadeira vida espiritual.
INSISTIR EM PEDIR O ESPÍRITO SANTO: faz parte da pedagogia divina a exigência de que o crente expresse sua necessidade diante do Senhor. Não basta pensar que Deus conhece nossas necessidades, sim Ele as conhece, mas quer que nós tenhamos a humildade de dizê-lo. Segundo Lucas 11,11-13, Jesus deixa claro que se tivermos o Espírito Santo, teremos tudo que precisamos. Porém, outra coisa que precisamos recordar sempre é o fato de que também faz parte da ação pedagógica do Senhor, a oração perseverante, a insistência e a persistência.

                                                                                             

terça-feira, 10 de julho de 2012

CAMINHOS DO ESPÍRITO


   Introdução
Nossa Vocação é essencialmente trinitária: o Pai nos chama por meio do Filho, Jesus Cristo, e ungidos pelo Espírito somos enviados à missão, isto é, o Espírito nos faz compreender a vontade daquele que nos chama para continuar na história a Obra do Senhor, na sua Igreja, e nos fortalece em todos os níveis do nosso ser, tantas vezes fragilizado, para que tenhamos as condições necessárias para portarmos avante nossa missão, de modo que o façamos tal sentindo-nos felizes e realizados.
No entanto, não basta sabermos esta verdade que encontramos na Escritura Sagrada e na Tradição eclesial. É preciso experimentá-la, sentí-la intensamente em nosso ser e em nosso agir, para que tenhamos uma interação perfeita entre ambos, não haja um hiato entre o que fazemos e o que somos.
Esta integração entre nossa Vocação\missão e nossa realidade humana, só é possível quando somos possuídos cada vez mais pelo Espírito Santo e, também, o possuímos em nosso “eu” interior. Ocorre, assim, um autêntico processo de assimilação. Sem a pretensão de alguma espécie de magia, obviamente,mas como indicamos,trata-se de um processo, de uma caminhada rumo à maturidade humana e espiritual.
Para tanto, é preciso um itinerário, uma disciplina sistematizada, que possam favorecer á recíproca integração entre a Graça divina e o nosso ser, em todas as suas dimensões e complexidade. Vejamos, dentre outras, algumas etapas desse itinerário, segundo a Escritura neotestamentària.
1.      A Igreja como “lugar” excelente de receber e crescer no Espírito Santo
É fundamental pensarmos na experiência de Pentecostes. Juntos, reunidos, em Comunidade, foi que o Senhor comunicou, de modo pleno, o Espírito aos discípulos. Foi o grande momento em que eles perceberam a vocação de ser Igreja e, fortalecidos com o Dom do Espírito, se propuseram a levar esta Graça a tantos outros. É mesmo assim! Recebemos o, Espírito do senhor na Igreja e nos tornamos instrumentos para comunicá-lo aos outros como Igreja.
            Certamente o senhor poderia ter dado o Espírito aos discípulos de modo particular ou individual, aliás, Ele já havia lho dado quando, chamou a cada um deles, nos primeiros encontros após a ressurreição... Os discípulos já tinham o Espírito Santo antes mesmo de Pentecostes. A Virgem Maria, que estava presente, já era cheia do Espírito! Foi pela ação pneumatológica (ação do Espírito) que ela concebeu Jesus no seu Ventre. Mas o que se quer evidenciar aqui é o fato de que no Pentecostes, quando estavam em verdadeira comunidade: orando,partilhando suas experiências de vida,refletindo,dialogando,amando-se... Foi que puderam receber em PLENITUDE, todos da Comunidade, o Espírito.
O texto expressa muito bem que receber o Espírito significa plenificar-se dos seus DONS. A Igreja è a Comunidade dos Carismas². Sendo nela que Deus age por excelência em nossas vidas, é justamente, por ela que nos enriquecemos das Graças e dos Dons divinos, para que os mesmos experimentados por nós sejam por nosso intermédio comunicados, aos outros nossos irmãos.
Fica assim patente que é vivendo bem a nossa vocação, que podemos atrair outras pessoas para o Senhor e sua Igreja, se vivemos e desempenhamos bem nossa missão e isto significa, em primeira instância, acolhermos com disponibilidade, discernimento e autenticidade, os Carismas do Espírito em nós, pois Ele é o protagonista de toda vocação e missão eclesiais.
                                                                                     
                                                                                                   Pe.Manoel Barbosa Santos
                                                                                                             pároco