quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

As virtudes necessárias para o cuidado da Saúde Espiritual


       Pe.Manoel Barbosa Santos
Vigário Episcopal e Pároco de São José

Nossa intenção, nesse momento, consiste na busca de ajudar às pessoas adquirirem um estado de vida saudável em todos os sentidos.
Serei muito prático, elencando algumas virtudes que mais diretamente podem incidir sobre a nossa saúde. Antes, porém, gostaria de lembrar que virtude é correlativo a uma disciplina de vida conquistada mediante o contínuo exercício. Esta dispõe as faculdades cognitivas e emocionais para a obtenção do bem. Assim sendo, “ser virtuoso” significa levar uma vida responsável e conseqüente, perante si mesmo e os outros, em uma palavra: Ser equilibrado!Ponderado!Em nossa perspectiva podemos dizer uma pessoa saudável.
Entre tantas outras virtudes, podemos destacar:
a)      O perdão: Em seu livro “O esconderijo” e no filme omônimo, a autora nos conta um extraordinário episódio de sua vida: libertada do campo de concentração nazista, ao final da Segunda Guerra Mundial, o Senhor Jesus Cristo havia posto em seu coração o desejo de permanecer em várias partes da Alemanha, simplesmente para falar da necessidade do perdão. Se tratava de uma mensagem de enorme importância para ela e seus familiares feridos pela grande calamidade e pelo sofrimento durante os anos da Guerra.
Uma tarde, ao final do seu discurso, ela notou, entre as pessoas que desejava conhecê-la um certo homem que se dirigia com olhar fixo sobre ela.Imediatamente ela o reconheceu: o guarda que tinha sido tão cruel com a sua irmã,que havia sido morta no campo de concentração.Tudo aquilo que a autora havia dito até o momento,a propósito do perdão e do amor de Deus,esvaziou-se de vez.A recordação dolorosa daqueles anos,a associação entre a imagem daquele homem e o sofrimento presenciado por ela,afloraram-se em sua mente.O ódio começou a fazer caminho em sua alma,experimentou grande ambigüidade e forte conflito interior.Contudo,imediatamente ela começou a rezar dizendo em seu íntimo: “Senhor,devo amar este homem.Foi isso que preguei às pessoas,ajuda-me”!
Quando menos esperou o homem lhe estava bem de frente e lhe disse: “Não se recorda mais de mim?”. Ela lhe respondeu: “oh, certo, o recordo muito bem!” Tal homem parecia pensar que ela iria fugir dele, mais na força da oração, ela o abraçou e disse: “ Eu te perdôo”!
O Apóstolo Paulo, compreendeu muito bem o que significa o perdão, a ponto de escrever: “Perdoai-vos mutuamente, se algum de vós tiver algum motivo para lamentar ao recordar-se dos outros, como o Senhor vos há perdoado, assim fazei também vós” (Col. 3,13). Vê-se claramente que o perdão não é esquecimento, mas compreensão e busca de um ideal maior!
O perdão é uma dimensão essencial do amor e a falta do perdão é uma forma de ódio. O ódio é uma verdadeira escravidão porque quando não perdoamos às pessoas ou a nós mesmos, se formam dentro de nós “cadeias espirituais”. Isso leva a uma repercussão em todo o nosso ser, fazendo-nos perder a paz e a serenidade interior, tornando-nos tensos e ansiosos.
Um princípio fundamental para o perdão é tomar a decisão de perdoar. É a decisão que liberta, porque “o perdão é um ato de vontade”. Nesse sentido, dizemos que querer perdoar, já significa perdoar.
Contudo, uma das maiores dificuldades nesse âmbito, é perdoar a si mesmo. Os sentimentos de culpa destroem a auto-imagem e geram diversos problemas psicológicos. Devemos aprender que perdoar é um processo e um dos pontos fundamentais para se ter presente no processo do perdão, é que a mente subconsciente é como um abismo onde são sepultadas inumeráveis experiências do passado. Algumas delas são muito dolorosas e por sua própria natureza, tendem a transformarem-se em ressentimento ou, quanto menos, a uma falta de amor.
O perdão, pois, liberta o coração e pode ser um excelente meio de cura. Mais isso não é assim tão fácil!É necessário um sério treinamento através da oração e da meditação. Citamos quatro possíveis elementos para se chegar a o perdão: 1.Não permitir que a ofensa ocupe a mente e o coração; 2.Quando ferida,a pessoa imaginar momentos passados de experiências de perdão; 3.Buscar a causa da ofensa e ter a percepção de que a sua compreensão é mais sublime; 4. Rezar e pedir a graça de Deus, imaginar a crucifixão do Senhor e compará-la a ofensa que a pessoa recebeu.