quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

As virtudes necessárias para o cuidado da Saúde Espiritual


       Pe.Manoel Barbosa Santos
Vigário Episcopal e Pároco de São José

Nossa intenção, nesse momento, consiste na busca de ajudar às pessoas adquirirem um estado de vida saudável em todos os sentidos.
Serei muito prático, elencando algumas virtudes que mais diretamente podem incidir sobre a nossa saúde. Antes, porém, gostaria de lembrar que virtude é correlativo a uma disciplina de vida conquistada mediante o contínuo exercício. Esta dispõe as faculdades cognitivas e emocionais para a obtenção do bem. Assim sendo, “ser virtuoso” significa levar uma vida responsável e conseqüente, perante si mesmo e os outros, em uma palavra: Ser equilibrado!Ponderado!Em nossa perspectiva podemos dizer uma pessoa saudável.
Entre tantas outras virtudes, podemos destacar:
a)      O perdão: Em seu livro “O esconderijo” e no filme omônimo, a autora nos conta um extraordinário episódio de sua vida: libertada do campo de concentração nazista, ao final da Segunda Guerra Mundial, o Senhor Jesus Cristo havia posto em seu coração o desejo de permanecer em várias partes da Alemanha, simplesmente para falar da necessidade do perdão. Se tratava de uma mensagem de enorme importância para ela e seus familiares feridos pela grande calamidade e pelo sofrimento durante os anos da Guerra.
Uma tarde, ao final do seu discurso, ela notou, entre as pessoas que desejava conhecê-la um certo homem que se dirigia com olhar fixo sobre ela.Imediatamente ela o reconheceu: o guarda que tinha sido tão cruel com a sua irmã,que havia sido morta no campo de concentração.Tudo aquilo que a autora havia dito até o momento,a propósito do perdão e do amor de Deus,esvaziou-se de vez.A recordação dolorosa daqueles anos,a associação entre a imagem daquele homem e o sofrimento presenciado por ela,afloraram-se em sua mente.O ódio começou a fazer caminho em sua alma,experimentou grande ambigüidade e forte conflito interior.Contudo,imediatamente ela começou a rezar dizendo em seu íntimo: “Senhor,devo amar este homem.Foi isso que preguei às pessoas,ajuda-me”!
Quando menos esperou o homem lhe estava bem de frente e lhe disse: “Não se recorda mais de mim?”. Ela lhe respondeu: “oh, certo, o recordo muito bem!” Tal homem parecia pensar que ela iria fugir dele, mais na força da oração, ela o abraçou e disse: “ Eu te perdôo”!
O Apóstolo Paulo, compreendeu muito bem o que significa o perdão, a ponto de escrever: “Perdoai-vos mutuamente, se algum de vós tiver algum motivo para lamentar ao recordar-se dos outros, como o Senhor vos há perdoado, assim fazei também vós” (Col. 3,13). Vê-se claramente que o perdão não é esquecimento, mas compreensão e busca de um ideal maior!
O perdão é uma dimensão essencial do amor e a falta do perdão é uma forma de ódio. O ódio é uma verdadeira escravidão porque quando não perdoamos às pessoas ou a nós mesmos, se formam dentro de nós “cadeias espirituais”. Isso leva a uma repercussão em todo o nosso ser, fazendo-nos perder a paz e a serenidade interior, tornando-nos tensos e ansiosos.
Um princípio fundamental para o perdão é tomar a decisão de perdoar. É a decisão que liberta, porque “o perdão é um ato de vontade”. Nesse sentido, dizemos que querer perdoar, já significa perdoar.
Contudo, uma das maiores dificuldades nesse âmbito, é perdoar a si mesmo. Os sentimentos de culpa destroem a auto-imagem e geram diversos problemas psicológicos. Devemos aprender que perdoar é um processo e um dos pontos fundamentais para se ter presente no processo do perdão, é que a mente subconsciente é como um abismo onde são sepultadas inumeráveis experiências do passado. Algumas delas são muito dolorosas e por sua própria natureza, tendem a transformarem-se em ressentimento ou, quanto menos, a uma falta de amor.
O perdão, pois, liberta o coração e pode ser um excelente meio de cura. Mais isso não é assim tão fácil!É necessário um sério treinamento através da oração e da meditação. Citamos quatro possíveis elementos para se chegar a o perdão: 1.Não permitir que a ofensa ocupe a mente e o coração; 2.Quando ferida,a pessoa imaginar momentos passados de experiências de perdão; 3.Buscar a causa da ofensa e ter a percepção de que a sua compreensão é mais sublime; 4. Rezar e pedir a graça de Deus, imaginar a crucifixão do Senhor e compará-la a ofensa que a pessoa recebeu.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A necessidade relativa de saúde corporal para a saúde espiritual

       Pe.Manoel Barbosa Santos
Vigário Episcopal e Pároco de São José
Uma vida salutar e feliz em paz e comunhão com os semelhantes, a natureza, o cosmos e o Criador é, seguramente, o primeiro segredo para uma vida espiritual bem desenvolvida, robusta e saudável. O vínculo entre corpo e espírito é um dado que se pode encontrar em praticamente todos os estudiosos modernos das ciências humanas. Também a Sagrada Escritura, plena da cultura hebraica, apresenta o homem como uma unidade perfeita, isto é, sem dualismo ou divisão entre a realidade corporal e a realidade espiritual. Temos diversos textos do Antigo e do Novo Testamentos que atestam isso, vamos aqui citar apenas alguns: Rm 6,12; 1 Cor 6,19;3,17; Ef 5,30;Gl 5,19; Fl 3,21;Gn 1,20;46,27;Am 6,8.
Na verdade, nosso corpo é tão aglutinado ao nosso “eu interior”, que entra em sua esfera de identidade e comunicabilidade, de modo que os grandes fenomenologistas, em geral, dizem que temos a percepção não somente de “ter” um corpo, mas de “ser” o nosso corpo. Nesse sentido, se pode compreender a perspectiva social do corpo humano: a sociedade, mediante os diversos valores culturais, influi sobre a sua conservação, sobre sua apresentação, suas expressões afetivas, etc. A educação é, para boa parte, a interação desses valores segundo as exigências da sociedade na qual vivemos.
Exige, pois, uma total dependência dos processos físicos, emocionais e ambientais. A mente, o corpo e os sentidos, devem funcionar além de suas próprias capacidades, com aumento constante de tensão, para uma, digamos assim, coordenação de tudo isso. Quando não ocorre tal coordenação ou se ocorre inadequadamente, surge o “stress” permanente que tem efeitos destrutivos, gerando algumas patologias psicossomáticas.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A Bíblia na missa da comunidade


Pe. MANOEL Barbosa Santos
Vigário Episcopal e Pároco de São José

02/10/2012 - 09:30

Graças a Deus, cresce cada vez mais na Igreja Católica a compreensão de que os cristãos leigos precisam ter, se familiarizar, conhecer e colocar em prática a Bíblia, Palavra de Deus. Na “Exortação Verbum Domini”, o Papa Bento XVI enfoca muito esse aspecto prático do contato com a Palavra, chegando mesmo a falar da necessidade de uma” Pastoral da Bíblia” (Cfr. Nº 73).
Todos estamos de acordo de que é preciso a Bíblia estar mais na mão dos católicos para que, pouco a pouco, chegue mais aos corações. O Problema consiste no como fazer isso. Nas Pastorais, nos grupos de oração, em estudos formativos...? Sim, certamente! Porém é dado concreto que, em média, setenta por cento ou mais do nosso povo não frequenta pastorais, grupos de oração, muito menos cursos de formação. Constatando tal realidade, como fazer para tornar concreto esse projeto de viabilizar o uso da Bíblia?
Sabemos que nos primórdios a Palavra era tão somente proclamada na sagrada Liturgia, o povo escutava e acolhia com devoção e interiorização. Agora vivemos na era da civilização do “ver”, não mais do “ ouvir”.São Paulo diz que a fé entra pelos ouvidos e chega ao coração. Certamente ainda é preciso anunciar e pregar a Palavra, mas também sabemos que as pessoas querem fazer a experiência de ver, não somente quem prega, não somente o altar ou as ferramentas litúrgicas, mas tem necessidade de verem alguma ilustração do conteúdo pregado ou ensinado, de terem algum contato sensorial com o objeto apresentado, para a assimilação e a aprendizagem. Daí que se inventou “Jornalzinhos de missas”, “ Liturgias diárias”, etc. Esses meios são,na verdade,uma faca de dois gumes”,pois podem ajudar em sentido pedagógico:acompanhar os textos,responder às orações... mas,em geral,sempre deixam uma conotação de “descartável” à Palavra de Deus.Por isso que logo após as celebrações sempre os encontramos jogados por cima dos bancos,no chão ou,ainda pior,no lixo. Mesmo durante as celebrações podemos observar que muitos os tem nas mãos,mas nem olham,não acompanham o que está escrito ou mesmo os usam para outros fins!
Caso ajudemos as pessoas a usarem a Bíblia na Liturgia da Palavra ( a primeira parte da missa), é bem diferente a situação. Elas vão perceber que o que está sendo proclamado e celebrado é, de fato, a Palavra de Deus. Não se trata de “recortes”, enfeites, quaisquer artefatos. Por isso, não vão jogar a Palavra no chão ou no lixo. Vão protegê-la nas mãos e, aos poucos, guardá-la no coração.
Ao contrário do que alguns parecem pensar, não somos tão ignorantes em matéria de Liturgia. Não aprovamos nenhum tipo de “bagunça” nas missas e nas orações! O que desejamos é que as pessoas tenham melhor percepção do que se celebra e se voltem mais para o amor e o testemunho da Palavra Sagrada. É claro que toda a Liturgia da Palavra se desenvolve centrada na Bíblia: a primeira Leitura, o Salmo, a segunda Leitura e o texto do Evangelho. Quem vai proclamar do altar deve fazê-lo pelo Lecionário, sabemos disso, mas quem está na Assembleia pode acompanhar, de modo mais vivencial, usando o exemplar da sua Bíblia.
Na prática, algumas experiências já vem acontecendo, de modo bastante tranquilo, coloco aqui apenas um exemplo muito singelo, de forma metódica:
1ª) Coloca-se um pequeno quadro com as citações dos textos bíblicos da Liturgia do dia,bem na entrada de acesso à Igreja;
2ª) A equipe ou o ministério de Acolhimento,juntamente com a Pastoral da Bíblia ( se houver),convida as pessoas a ,se quiserem,observarem o quadro;
3ª) O comentarista ou presidente faz alerta sobre os textos bíblicos para a Assembleia;
4ª ) Caso se disponha de algum outro recurso didático,como datashow, também se pode visualizar melhor as citações;
5ª) melhor parece ser ajudar as pessoas a ouvirem acompanhando na Bíblia o texto do Evangelho;
6ª) Tudo isso se faz em espírito de oração e humildade,sem pressão e sem “fanatismo”,é um convite,uma proposta,uma experiência.Mas que dar muitos frutos bons,podem ter certeza!
Que todos nós e os estudiosos da Bíblia, da Liturgia, da Espiritualidade e da Pastoral, possamos dialogar melhor (uma espécie de ecumenismo interno), para o bem de todo povo católico.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"VOTO CONSCIENTE,ELEIÇÕES 2012"

Voto limpo

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Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
O exercício da cidadania não depende de gosto pessoal, é um dever de todos. Principalmente neste tempo que nos é dado para exercer o dever e o direito de escolha, por isso você e eu temos na mão e no coração um poder chamado “voto”.
Cidadania não se exerce dizendo coisas do tipo “não vou votar”, “não gosto de política”, “política é coisa suja”..., pensando assim os políticos malandros agradecem.
Para esta reflexão cito Platão: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”.
Se vamos só pelo gosto pessoal, corremos o risco de  manter no poder os “profissionais” da política. Passa ano e sai ano e são sempre os mesmos. Por isso temos que defender o voto limpo, consciente. Limpo da corrupção, das artimanhas, das promessas ou ameaças. Voto limpo sai de uma mão limpa e de uma consciência limpa.
Todos somos obrigados por lei a ir às urnas no próximo dia sete de outubro. É uma obrigação que nos leva ao compromisso democrático, definindo os rumos das nossas cidades e de nosso país. Omitir-se significa deixar os incompetentes, os homens e mulheres afeitos à vida pública, determinar os destinos de todos nós. “Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem” (Bertold Brecht).
Neste sentido o voto em branco é um grave ato de omissão, com consequências graves para toda a sociedade. Essa reação do voto em branco ou nulo, uma das razões, vem do grande número de candidatos sem nenhum preparo que nos programas de rádio e TV, se apresentam como os maiores e melhores salvadores da pátria. “Talvez a política seja a única profissão para a qual pensem que não é necessário preparo” (Robert Louis Stevenson).
Ir às urnas é sinal de que queremos mudanças e vida plena para todos. A forma mais concreta de protestar em favor do bem comum está nas urnas e na sua consciência de cidadão. Por isso fica descartado o voto nulo. Anular o voto significa anular a sua cidadania. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que não usar as capacidades para transformar a realidade para melhor é homicídio. “Todo aquele que se der em práticas desonestas e mercantis que provoquem a fome e a morte de seus irmãos de humanidade comete indiretamente um homicídio que é de sua responsabilidade” (CIC 22690). Buscar caminhos, entrar na dinâmica da vida, somar com a coletividade em vista do bem maior de todos, faz a diferença.
A mudança de mentalidade em ralação à política e seu valor necessário para a sociedade, não se faz com discursos e sim com a mudança da prática. “É a mudança de prática e não apenas de discurso que vai criar uma nova confiança no agente político. Uma prática que se mostra na transparência de seus atos e de suas relações.  Só uma prática firme e condizente com seus princípios vai lhe trazer a confiança perdida”(Doc. 91 CNBB, nº. 39).
Política não é cabide de emprego e muito menos lugar para se viver comodamente. “Não se pode ir para o mundo da política com quem quer resolver os seus próprios problemas, mas como quem coloca como objetivo máximo o fazer com que um rosto humano se revele em cada homem e mulher”(Doc. 91, CNBB nº 40).
Votar é participar, participar é construir um mundo cada vez melhor. Vote limpo e teremos uma cidade limpa, ordeira, promissora, e digna pra todos.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Eleições municipais de 2012
Mensagem da CNBB

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida em sua 50ª Assembleia Geral, em Aparecida-SP, de 18 a 26 de abril de 2012, saúda a população brasileira, em sintonia com os importantes acontecimentos que marcam o país neste ano, especialmente as eleições municipais no próximo mês de outubro. Expressão de participação democrática, as eleições motivam-nos a dizer uma palavra que ilumine e ajude nossas comunidades eclesiais e todos os eleitores, chamados a exercerem um de seus mais expressivos deveres de cidadão, que é o voto livre e consciente.
Inspira-nos a palavra do papa Bento XVI ao afirmar que a sociedade justa, sonhada por todos,
"deve ser realizada pela política" e que a Igreja "não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça" (Deus Caritas Est 28). Para o cristão, participar do processo político-eleitoral, impulsionado pela fé, é tornar presente a ação do Espírito, que aponta o caminho a partir dos sinais dos tempos e inspira os que se comprometem com a construção da justiça e da paz.
As eleições municipais têm uma característica própria em relação às demais por colocar em disputa os projetos que discutem sobre os problemas mais próximos do povo: educação, saúde, segurança, trabalho, transporte, moradia, ecologia, lazer. Trata-se de um processo eleitoral com maior participação da população porque os candidatos são mais visíveis no cotidiano da vida dos eleitores. A sua importância é proporcional ao poder que a Constituição de 1988 assegura aos municípios na execução das políticas públicas
Nos municípios, manifestam-se também as crises que o mundo atravessa, incluindo a própria democracia. Isso torna ainda mais importante a missão de votar bem, ficando claro para o eleitor que seu voto, embora seja gesto pessoal e intransferível, tem conseqüências para a vida do povo e para o futuro do País. As eleições são, portanto, momento propício para que se invista, coletivamente, na construção da cidadania, solidificando a cultura da participação e os valores que definem o perfil ideal dos candidatos. Estes devem ter seu histórico de coerência de vida e discurso político referendados pela honestidade, competência, transparência e vontade de servir ao bem comum. Os valores éticos devem ser o farol a orientar os eleitos, em contínuo diálogo entre o poder local e suas comunidades.
Ajudam-nos nesta tarefa instrumentos como as Leis de iniciativa popular 9.840/1999, contra a corrupção eleitoral e a compra de votos, e 135/2010, conhecida como Lei da Ficha Limpa, cuja constitucionalidade foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal. Aos eleitores
cabe ficarem de olhos abertos para a ficha dos candidatos e espera-se da sociedade a mobilização, como já ocorre em vários lugares, explicitando a necessidade de a "Ficha Limpa" ser aplicada também aos cargos comissionados para maior consolidação da democracia. Desta forma, dá-se importante passo para colocar fim à corrupção, que ainda envergonha o nosso país.
O exercício da cidadania, no entanto, não se esgota no voto. É dever, especialmente de quem vota, a corresponsabilidade na gestação de uma nova civilização, fundamentada na defesa incondicional da vida, desde a fecundação até a morte natural; na promoção do desenvolvimento sustentável, possibilitando a justiça social e a preservação do planeta.
A educação para a cidadania é processo permanente. Para ela contribuem as Escolas e Grupos de Fé e Política que se multiplicam pelas dioceses do Brasil, além das variadas publicações de conscientização política. Entre estas, recordamos o Documento 91 da CNBB – Por uma Reforma do Estado com Participação Democrática e a Cartilha
Eleições Municipais 2012: Cidadania para a Democracia, elaborada por organismos da CNBB. Exortamos nossas comunidades e lideranças a lançarem mão destes valiosos instrumentos, a fim de que participem conscientemente das eleições e assegurem a unidade em meio às diferenças próprias do sistema democrático. Merecem nosso apoio e incentivo, ainda, campanhas como a que estimula os jovens a exercerem responsavelmente seu direito de votar já a partir dos 16 anos.
Para o cristão, participar da vida política do município e do país é viver o mandamento da caridade como real serviço aos irmãos, conforme disse o Papa Paulo VI: "A política é uma maneira exigente de viver o compromisso cristão ao serviço dos outros" (Octogesima Adveniens, 46). Só assim, seremos "fermento que leveda toda a massa" (Gl 5,9).

Que Nossa Senhora Aparecida abençoe o povo brasileiro e ilumine candidatos e eleitores no exigente caminho da verdadeira política.


Aparecida, 21 de abril de 2012. Raymundo Cardeal Damasceno Assis

Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão – MA
Vice-presidente da CNBB
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília - DF
Secretário Geral da CNBB

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Igreja lembra os 13 anos de morte de dom Helder Câmara

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13anosemdomhelderHá 13 anos, a Igreja Católica perdia um de seus maiores líderes, o arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Helder Câmara. Mais que uma liderança religiosa, dom Helder era referência na luta pela paz e pela justiça social; seus exemplos e palavras foram perpetuados até hoje. Em homenagem à sua memória, hoje, 27 de agosto, dom Helder terá seus restos mortais trasladados para uma capela especialmente projetada para recebê-los na Igreja da Sé, em Olinda. Até então, os restos mortais de dom Helder estavam guardados em um túmulo provisório em frente ao altar da Igreja da Sé.
Junto deles, serão colocados também os despojos do padre Antônio Henrique Pereira Neto e de dom José Lamartine, ambos amigos do arcebispo. Padre Antônio Henrique foi assessor da Pastoral da Juventude durante o pastoreio de dom Helder e dom José Lamartine, bispo auxiliar. A cerimônia será presidida às 9h pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.
O site ‘Pernambuco’ informa que dom José Lamartine está enterrado em uma espécie de cemitério, localizado atrás da Igreja da Sé. Já o padre Antônio Henrique está sepultado no cemitério da Várzea, na Zona Oeste do Recife.
O trabalho de dom Hélder é conhecido em todo o mundo. Ele foi arcebispo de Olinda e Recife e também desempenhou funções em organizações não-governamentais, movimentos estudantis e operários, ligas comunitárias contra a fome e a miséria. Sofreu retaliações e perseguições por parte das autoridades do regime militar brasileiro.
A Igreja das Fronteiras, bairro da Boa Vista, ficou cheia de fiéis e emoção na manhã deste domingo, 26. Às 11h, o padre Sebastião Sá, celebrou missa em homenagem a dom Helder Câmara, dando prosseguimento à programação que decorre desde a última sexta-feira, para lembrar o aniversário da morte do arcebispo. O local foi escolhido porque lá dom Helder viveu os seus últimos dias, até falecer, em 27 de agosto de 1999.
Padre Antônio Henrique foi torturado e assassinado em 1969, durante o regime militar. O crime está impune até hoje, mas ganhou prioridade nas investigações da Comissão Estadual da Memória e Verdade. O sacerdote é tido como "Mártir da Juventude da Arquidiocese de Olinda e Recife".

Acesse o link: http:// www.cnbb.org.br

segunda-feira, 30 de julho de 2012

   Os meios eficazes para receber o Espírito Santo³
          
                                                                       Pe. Manoel Barbosa Santos

A Escritura nos ensina que, de modo global, são três os meios, que nos comunicam a vida do Espírito de Deus: a Graça Sacramental, a Oração fervorosa e a Convivência fraterna. Embora sendo cada uma dessas realidades distintas em si mesmas, funcionam conjuntamente, são, pois, interdependentes.
            Nos sacramentos o Senhor, por mediação da Igreja, nos assegura a Graça de Deus segundo a natureza e o fim de cada um. Se alguém recebe a sagrada confissão, deve saber e crer que a graça recebida consiste na absolvição dos seus pecados, a qual lhe reconcilia com o Senhor, consigo mesmo e com os irmãos.Obviamente, na confissão não se busca, ao menos em primeira instância, a graça de viver o amor de Cristo conjugalmente, esta advém pelo Sacramento do matrimônio e assim sucessivamente.
            No entanto, uma coisa é certa: não se pode viver a graça comunicada pelos sacramentos se não se busca uma fervorosa vida de oração. E  essa oração será estéril e inóqua se não conduzir ao amor fraterno; à construção do Reino entre nós. Toda vocação cristã,seja ela qual for,tem por escopo esta realidade. Daí não poder se realizar vocacionalmente quem não procura crescer nesses três meios da vida espiritual.
 O Pai Nosso, modelo sublime de toda oração cristã e tantas vezes recitado por nós, nos ensina claramente esta verdade: voltar-se constantemente a Deus que é Amor, para gerar comunhão, solidariedade, perdão... Entre nós.
            E não podemos falar de reconciliação, acolhimento e amor, sem, lembrar que, sobretudo para nós latino-americanos, os primeiros a serem considerados nossos irmãos são os pobres. Estes constituem uma categoria toda especial para crescermos espiritualmente, no seguimento de Jesus Cristo. Pois nossa opção por eles deve ser feita não por motivos sociológicos e ideológicos, estes são secundários e relativos, mas numa dimensão propriamente religiosa: neles se encontram o centro dos valores do Reino; eles são um “sacramento” de Jesus Cristo. Estamos suficientemente vivendo segundo o Espírito de Cristo quando não só acolhemos os pobres, como verdadeiros irmãos, mas, sobretudo quando nos tornamos pobres com eles. Os pobres são sujeitos da espiritualidade cristã e não objeto dela.
2.      Para permanecer pleno do Espírito Santo
Não basta receber o Espírito Santo, é preciso que o tenhamos, totalmente, de forma completa, e mais necessário ainda (e por vezes difícil) é permanecer prenhe de sua Graça. Objetivamente o Senhor é quem nos concede o seu Espírito, mas a nível subjetivo vai depender de nós a sua constante presença, principalmente em se tratando de uma presença plena. O Apóstolo Paulo diz ao seu discípulo Timóteo: “te recomendo de reavivar o Dom de Deus que recebeste pela imposição de minhas mãos’’ (2Tm 1,6).Esta exortação nos deixa claro que a recepção do Espírito, pelo qual nos advém todos os dons divinos, é Graça mas também conquista.
            Nesta perspectiva, é importante ter conhecimento e aplicar em nossas vidas alguns critérios propostos pela Escritura para a perseverança na plenitude do Espírito. Vejamo-lhes em síntese:
            Avaliação Pessoal: o termo forte é “examinar-se a si mesmo”.Evitar a pretensão de que está sempre em estado de graça,não precisa de reflexão e análise ou tomar cuidado para que o pragmatismo,tão característico de nosso tempo,não nos permita fazer de vez em quando uma parada,para reavaliar nossas atitudes.Aqui vale dizer que também a nível psicológico,quando damos um significado religioso,isto é,não apenas técnico, aos métodos terapêuticos,podemos sentir através destes a Ação divina.
            ARREPENDIMENTO E CONFISSÃO: ser capaz de reconhecer as faltas, os erros e pecados, colocando-se com compunção diante de Deus, agrada mais ao senhor do que um tremendo e orgulhoso esforço de perfeccionismo.
            SUBMISSÃO COMPLETA A DEUS: a vida da Graça, a morte ao pecado, não acontece pelas nossas forças humanas, mas quando nos rendemos totalmente ao Senhor,despojando-nos inclusive de nossas estratégias meramente humanas. Viver não sob a lei, mas sob a Graça. Eis a verdadeira vida espiritual.
INSISTIR EM PEDIR O ESPÍRITO SANTO: faz parte da pedagogia divina a exigência de que o crente expresse sua necessidade diante do Senhor. Não basta pensar que Deus conhece nossas necessidades, sim Ele as conhece, mas quer que nós tenhamos a humildade de dizê-lo. Segundo Lucas 11,11-13, Jesus deixa claro que se tivermos o Espírito Santo, teremos tudo que precisamos. Porém, outra coisa que precisamos recordar sempre é o fato de que também faz parte da ação pedagógica do Senhor, a oração perseverante, a insistência e a persistência.